O último forasteiro humano
Textos e viagens de mais um desocupado que acha muitas coisas sobre a vida.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Óti(más) companhias
Estranhamente sinto uma incrível vontade de acompanhá-las e elas me puxam.Gostam de mim, eu acho.
Mas nao me sinto bem perto delas, sinto-me afundando e tudo o que posso fazer e esperar a boa vontade delas de me deixarem em paz. Para eu ,pelo menos recuperar as forças que elas me sugam.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Hoje eu resolvi me entregar (ou talvez não, não sei ao certo), mergulhei numa profunda raiva, que eu não sentia fazia tempo. Andei mais do que posso me lembrar nesse momento. Então parei, não sei por que ou como, mas resolvi parar e olhar em volta para lembrar-me das coisas que sempre me acalmaram.
Passei a ultima hora olhando para as estrelas e buscando muitas respostas para as perguntas que ma faço a um bom tempo. Não, não consegui nenhuma resposta. O que é bastante frustrante.
Os dias felizes vêm seguidos de ondas de intensa tristeza, aprendi isso com o tempo. Não reclamo desse fato. Apenas queria que, pelo menos uma vez, isso parasse.
Isso não é nenhum lamento, longe disso, faço, por agora, uma exclamação de sobriedade, tranqüilidade e esperança: tudo que posso fazer é tentar não prever nunca o que vai ser acontecer.
Pode até ter soado estranho, mas calma as frases se explicam com o tempo, esse senhor também me ensinou isso: as coisas se explicam. Não se pergunte nem espere respostas.
Estranho esses efeitos causados pelo misto da noite com raiva, do dia feliz e do céu estrelado.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
A ultima partida de bilhar
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Provocações
A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão.
A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso.
Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.
Foram lhe provocando por toda a vida.
Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.
Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.
Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.
Estavam lhe provocando.
Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.
Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.
Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.
Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou.
Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
- Violência, não!
(Luis Fernando Veríssimo)
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Lembranças da primeira vez
....e tentamos explicar...
Noite de janelas semiabertas. Noite de cobertores e lembranças que deixam duvidas e um sabor amargo na boca. As lembranças, às vezes, tornam os travesseiros incômodos. Mas o que é o amor? Existe uma regra, formula ou receita? Ou é tudo casual e você só espera a sorte? Perguntas difíceis enquanto, no relógio, o tempo passa.
E devemos perceber que talvez amar seja outra coisa. É sentir-se leve e livre. É saber que o coração dos outros não, nem lhe pertence. A cada dia você deve merecê-lo, e dizer a ele. E compreender pelas respostas que talvez seja necessário mudar. Porque, quando alguém que você deseja se vai, você tenta mantê- lo com as mãos e espera asim prender seu coração também. O coração tem pernas que você não vê. Talvez a primeira vez seja cada vez que amamos.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Cordialidade...
Não tive muitas oportunidades de praticar tudo isso. Mesmo porque não sabia por onde começar, mas conclui que a qualquer pessoa é essencial certo egoísmo, do contrário jamais exerceria sua imaginação criadora; também certa vaidade em se sentir capaz de criar. Conclui que às vezes é mais importante perguntar do que ouvir a resposta; se a pressa era inimiga da perfeição, certo grau de imperfeição também era indispensável à obra de arte, para dar medida do homem que a produziu.
O artista não é uma espécie de homem, todo é uma espécie de artista.
As mulheres são sempre várias. Isso não as faz "móbiles", nem traidoras; nós é que nos achamos "unos". A mulher não é um enigma. Nós (homens) é que somos, nós é que achamos que há clareza. Os homens são mais óbvios, fálicos. Homem é ciência Mulher é arte. Homem tem um "fim". Mulher abre-se num horizonte com muitos sentidos e está sempre equivocando o homem.
O amor é a tentativa de pular esse abismo.O amor é a patética falta de recursos de seres querendo ser absolutos, quando não passam de bichos relativos.
De certa forma, a trepada é a tentativa de um "encaixe" que não acontece nunca, mesmo quando dá certo.
Lembrando- me de quem amei vejo que elas queriam ser "descobertas" para elas se conhecerem. Queriam ser decifradas por mim, pelos homens. Uma grande obediência a elas só as torna mais raivosas. Muitas vezes, cometi esse erro e dancei. Só perdi mulheres por "bondade" e "compreensão".
Dizem que o tempo é um grande curandeiro. Mas eu discordo, o Tempo é o cara no parque de diversões que pinta camisetas com aerógrafo. Ele borrifa a cor em névoa fina até que fiquem somente partículas flutuando no ar, esperando pra se fixar em algum lugar. E o resultado disso tudo, o desenho na camiseta no fim do dia, é que tem muito pouco para ser visto. Suspeito que aquele que comprou a camiseta, o único grande freguês do perpétuo tema do parque, seja quem for, acorda de manhã e se pergunta o que viu nela. Somos a pintura nessa analogia
"DE TANTO VER TRIUNFAR AS NULIDADES; DE TANTO VER PROSPERAR A DESONRA; DE TANTO VER CRESCER A INJUSTIÇA; DE TANTO VER AGIGANTAR-SE O PODER NAS MÃOS DOS MAUS; O HOMEM CHEGA A RIR-SE DA HONRA; A DESANIMAR-SE DA JUSTIÇA E A TER VERGONHA DE SER HONESTO!"
(Ruy Barbosa)
“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”
(Fernando Sabino)
”... e hoje deixemos o objeto das velhas aulas de português para no tornarmos sujeito de nossas vidas...”
(Venicio, em discurso durante a colação de grau)